sábado, março 31, 2007

Finalmente foi abaixo

Há tempos que aqui na cidade não se falava de outra coisa, a implosão do "Quatro Estações".


Um mamarracho que ali ficou por acabar junto à praia desde o tempo colonial.

Estava uma ruína, mesmo antes de ter servido para alguma coisa.

Hoje, finalmente, em dois ou três segundos ficou reduzido a pó.


As fotos foram feitas no ponto mais alto da cidade, num 22º andar, com uma chaveninha de café na outra mão (eram sete da manhã!) e a saborear uma fatia da melhor tarte de maçã que comi nos últimos tempos. Muito obrigado!


Para ler: "O fim de um sonho"

sexta-feira, março 30, 2007

Viva o calçado nacional!


Ontem choveu pra burro e aconteceu-me o que não acontecia desde os meus tempos de Luanda, ter de atravessar a rua com água pelo joelho, calças arregaçadas e sapatos na mão. Só que sapatos não foi preciso descalçar porque as havaianas que calcei assim que cheguei aqui têm-se aguentado muito bem à bronca, com piso sêco ou molhado... e os "shorts" também me ficam muito bem, graças a Deus. A atravessar a rua ao meu lado vinha uma princesa a quem eu ainda me ofereci para a carregar às cavalitas, mas ela, estóica, não quiz, diz que princesas não se carregam às cavalitas e preferiu enfrentar a intempérie sozinha, praguejando e maldizendo o dinheirão que tinha dado no "Saldanha Residence" pelas sandalettes, roída de inveja com certeza das minhas havaianas. É a vida!

Sem palavras


Esta foto foi gentilmente roubada aqui, e o seu autor é Fernando Costa.

quarta-feira, março 28, 2007

Aversão oficial

Estas notícias valem o que valem, mas segundo o que corre aqui de boca em boca, e para mim isso é que conta, além de que também disseram na televisão, é que a explosão se deveu ao aquecimento global. Embrulha!

O dia mundial do teatro em Maputo

no Centro Cultural Franco-Moçambicano houve cantos e danças

e uma homenagem ao dramaturgo moçambicano Lindo Nhlongo.

... e ver Malangatana no palco, e depois ouvi-lo cantar, teve tanto de inesperado como de comovente.


O grupo de dança "Xindire"
(Xindire é uma espécie de pião, brinquedo tradicional a que os miúdos enrolam um elástico e fazem rodar no chão)

terça-feira, março 27, 2007

Ainda bem (II)

Ainda bem


Ainda bem que estou longe, mas mesmo assim estas merdas ainda me incomodam, e me envergonham. Puta que os pariu!

Os nomes das ruas

Os nomes das ruas de Maputo são uma coisa muito engraçada. Fruto de épocas confusas do passado, os nomes das ruas mudaram, alguns até mais que uma vez, e agora há nomes que fariam com certeza o Barreiro ou uma outra qualquer vila alentejana roerem-se de inveja, como Vladimir Lenine por exemplo. Também há uma Ho Chi Min, e até há uma, pasme-se, Kim Il-Sung. Aliás, sobre as mudanças dos nomes das ruas, mas principalmente sobre as pessoas, escreveu o João Paulo Borges Coelho um livro admirável a que eu faço referência ali em baixo. E a propósito disto, uma destas manhãs ia eu a descer a Mao Tsé Tung, uma das principais avenidas da cidade, quando às tantas numa esquina, à procura de um café para recuperar as forças, paro e reparo que estou na esquina com a rua General Pereira D’Eça. Que cruzamento espantoso! Ter-se-ão esquecido de mudar a tabuleta a esta? Não pude deixar de me rir com a ironia deste cruzamento de nomes.

segunda-feira, março 26, 2007

Sobre pescadores e o mar

Para um futuro Museu da Pesca, está a germinar um trabalho sobre a vida dos pescadores e o mar.

Estes utensílios artesanais que tenho andado a fotografar, aqui em baixo, são capazes de levar qualquer mergulhador moderno às lágrimas. Se repararem nos detalhes, as máscaras por exemplo, são feitas de velhas câmaras de ar...

O Índico


O mar aqui é um local sagrado, e é frequente de manhã encontrarem-se pessoas que fazem da beira mar o seu local de culto. Não sei que religião será esta, mas prometo que ainda vou descobrir.

domingo, março 25, 2007

Carta de uma amiga

Uma surpresa

para quem da literatura moçambicana só conhecia o Mia Couto, conhecer este livro e este autor, além de uma surpresa foi também um enorme prazer. Só talvez não lhe perdoe (nesta história) o ter dado ocasião e depois impedido Samora Machel de provar uma bagia (pastel de grão) feito por uma vendedeira de rua, a dona Judite. Se o tivesse permitido, esse teria sido seguramente o momento mais alto da vida desta mulher. Fiquei com pena!

De manhã cedo

na praia de Maputo, passeando os cães.

quinta-feira, março 22, 2007

O sapateiro aqui da rua

trabalha no passeio, à sombra das árvores, num velho tronco caído que lhe serve de oficina, de banca de trabalho e de boutique, e faz as suas sandálias ali mesmo e por medida. Não paga renda, impostos não sei, e só não trabalha quando chove, o que é raro. Chama-se José e não passo por ele sem dar dois dedos de prosa. Trata-me por patrão, e quando eu lhe disse que não era preciso, que me chamava António e não era patrão, ele respondeu-me "Sim senhor patrão!" Hoje ofereci-lhe estas fotos.

quarta-feira, março 21, 2007

O que mais me surpreende

e do que mais gosto também, é da alegria e da boa disposição das pessoas, apesar de ouvir dizer que este é um dos países mais pobres do Mundo. Estes dois taxistas, por exemplo, em vez de passarem o tempo a dizer mal da vida e do resto, enquanto esperam cliente jogam às damas na beira do passeio.

terça-feira, março 20, 2007

Os palhabotes de Inhaca

Estes não são barcos de pesca, são os barcos que fazem a cabotagem entre a cidade de Maputo e a ilha de Inhaca, aqui em frente. Tenho uma viagem combinada com eles para breve, é mais demorada que no barco da carreira, mas deve ser bem mais divertida. Depois conto.


... esta é ainda uma imagem de Ponta do Ouro.

segunda-feira, março 19, 2007

Ainda agora chegaste ...

Ainda agora chegaste e já estás a mandar palpites? Isto está muito bem assim, dizia-me há dias o Zé Teixeira quando eu lhe falava das minhas primeiras impressões e de como achava que "com uma varridelazinha nas ruas isto ficava perfeiro". Entretanto passaram-se uns dias, e aos poucos fui reparando que quanto mais cedo me levanto mais limpas encontro as ruas, e já me habituei a acordar ainda de noite ao som arrastado das vassouras nos passeios acompanhando os galos. Os porteiros e os guardas dos prédios fazem questão de ter tudo num brinco assim que o dia começa, que aqui nasce por volta das cinco e às seis horas o sol já queima. O pior são as pessoas que vêm depois e sujam tudo, e depois o vento que vem e espalha o resto. Mas mais pior ainda são os automóveis que tomam conta da cidade com os seus condutores assassinos que guiam com uma mão no volante e outra na buzina, que usam em permanência em vez do travão. As passadeiras não servem rigorosamente para nada, e os peões parecem alvos a abater. E a praga deve ser contagiosa. Ao fim de uns dias de condução na cidade, asseguram-me, ninguém resiste a uma boa buzinadela. Uma outra coisa que me estranha aqui é que quase não se vêem cães na cidade, a não ser uns poucos, muito poucos, e sempre pela trela dos donos, ou dos criados dos donos com um ar chateadíssimo. E também não se vêem gatos, nem um sequer. Imagino que esta cidade deve ser um paraíso para os ratos, e parece que é. Ainda não vi nenhum, mas já me disseram que parecem coelhos, não sei se pelo tamanho se pelo sabor.

Este fim de semana estive na Ponta do Ouro,



uma praia no extremo sul de Moçambique junto à fronteira, infestada de boers, mas onde os moçambicanos também se divertem.

quarta-feira, março 14, 2007

Um must

João Tinga, pintor moçambicano, é um homem de vários talentos. Além de óptimo conversador, é também um belíssimo cozinheiro. O seu trabalho é visto e discutido durante a degustação de um peixe assado e de um arroz de marisco acompanhados com vinho branco português gelado. Um must... quer dizer, um must repete!



(já deve saber que se clicar nas fotos elas ficam mais grandinhas, e que se as piratear deve dar uma satisfação)

segunda-feira, março 12, 2007

Com o calor dos trópicos

Eu bem queria ir dando notícias e responder aos comentários simpáticos que aqui tenho tido, mas ainda não tenho net em casa, e fora de casa não tem sido fácil... as fotografias, não sei porquê, não as consigo descarregar para o blogger. Com o calor dos trópicos a borboleta voltou.

domingo, março 04, 2007

Maputo vista de Catembe

Quero corrigir que final a tal comunidade de pescadores que fui visitar a Catembe, não são hindús mas sim católicos, e fervorosos, e muitos dos seus rituais são uma curiosa mistura de rituais católicos e hindús.


Teixeira, motorista e Benfiquista ao seu serviço!


Foi ele que me deu a notícia da morte do Bento e não gosta que confundam a sua Toyota Hiace com um "Chapa", espécie de táxi colectivo cuja única regra é andarem sempre a abarrotar.

quinta-feira, março 01, 2007

Wireless


e sobretudo stressless. São nove da manhã e o pequeno almoço é aqui, à inglesa, como manda a sapatilha, com bacon e ovos e torradas e tudo, enquanto vejo os mails e alinhavo estas palavrinhas. Esta esplanada é a um quarteirão de casa e fica exactamente na 5ª avenida cá da terra, ou seja, na antiga António Enes, actual avenida Julius Nyerere. Já fui correr, eram 6 da manhã e o sol nascia sobre o mar. Não sei se será algum efeito Mutola, mas o jogging aqui é uma coisa muito séria. Logo que o dia nasce, há imensa gente de todas as idades e de todos os feitios a correr, e ao fim do dia também. Acho que até eu já fui contaminado. Esta tarde vou visitar uma comunidade de pascadores hindús num sítio chamado Catembe. No fim de semana tenho uma visita combinada ao Clube Marítimo onde existe uma outra comunidade, mas de Hobie Cats, imaginem! E parece que vai haver regatas. Que grande chatice, já estou quase como a Dininha, não tenho tempo nem para me coçar. Como se percebe é só chatices!
Ah, a propósito, conheci o homem da Ma-schamba, o Zé Teixeira, mas por enquanto não digo mais nada porque pode dar-se o caso de ele vir aqui e ler.