segunda-feira, outubro 30, 2006
O Spielberg deve andar a dormir
A vida de Fernão de Magalhães dava um filme, a sua personalidade forte e temerária colocava-o sempre no centro da acção. Um homem que "agia para conseguir os seus objectivos, afirma o tenente Gonçalves Neves, investigador do Museu de Marinha. Era um romântico pragmático. As suas estratégias eram preparadas como passos de dança.
Fernão de Magalhães dominava, como poucos, as técnicas de navegação. Isso levou-o a projectar uma viagem espantosa, que respondeu à grande questão da época: saber se a terra era esférica ou não. Numa altura em que todos tinham medo do oceano - medo, afinal, do que não se conhece, do que não se entende - Fernão de Magalhães avançou com a determinação obstinada de quem descobriu a sua missão.
Fernão de Magalhães é, no entanto, uma figura mal amada. Nunca lhe perdoaram o facto de ter servido o imperador Carlos V, que também era rei de Espanha, depois de ter sido dispensado pelo português D. Manuel. "Não foi por culpa dele, mas de quem não acreditou nele", declara a escritora Alice Vieira. Magalhães foi, também por isto, um sobrevivente crónico. Demonstrou tenacidade extraordinária.
Fernão de Magalhães terá nascido em Trás-os-Montes no ano de 1480. Pertencia a uma família da baixa nobreza. A sua educação foi orientada para uma carreira militar, estudou navegação em Lisboa e com 25 anos embarcou para a Índia. Em 1511, tomou parte na conquista de Malaca. "Estava constantemente em acção", conta Gonçalves Neves.
Regressou a Lisboa em 1513, quando lhe foi concedida uma pensão pelo rei D. Manuel I. Um ano mais tarde partiu novamente para a guerra, desta vez em Marrocos. Foi ferido e regressou a Portugal. Foram postos a circular boatos de que terá feito vários negócios com os mouros. Apesar de estas alegações nunca terem sido provadas, Fernão de Magalhães tornou-se indesejado na corte. D. Manuel comunicou-lhe que dispensava os seus serviços. Desiludido, Fernão de Magalhães partiu para Sevilha. Uma vez chegado à capital da Andaluzia, foi ter com um antigo companheiro de armas, Diogo Barbosa. Contou-lhe a ideia de uma viagem de circum-navegação do planeta, cujo objectivo era chegar às ilhas Molucas, as míticas ilhas das especiarias sem fim. Diogo Barbosa apresentou o navegador a pessoas influentes que ficaram impressionadas com a argumentação. Uma demonstração do aperfeiçoado estado da ciência náutica portuguesa. Para o tenente Gonçalves Neves, "Fernão de Magalhães representa a exportação do saber português".
O projecto foi apresentado ao imperador Carlos V, que depressa percebeu que poderia contornar o Tratado de Tordesilhas e dominar o comércio nas ilhas das especiarias. Acatou a ideia e nomeou Magalhães almirante da frota, decisão que foi mal recebida pelos comandantes castelhanos. Coube a Magalhães "organizar a autoridade política e militar dentro das frotas", explica Luís Adão da Fonseca, vice-reitor da Universidade Lusíada.
A frota içou as velas no dia 10 de Agosto de 1519. Levava cerca de 250 tripulantes, de várias nacionalidades. O rei de Portugal não ficou de braços cruzados e enviou duas esquadras com ordens para interceptar Magalhães. Em vão. Fernão de Magalhães apontou para sul e percorreu a costa africana. Uma vez chegado ao largo da Guiné, tomou os ventos em direcção ao Brasil. Um segredo de navegação que os espanhóis desconheciam. No decorrer da travessia do Atlântico, os comandantes espanhóis decidiram contestar a navegação. Fernão de Magalhães deu ordem de prisão a um deles. Chegou em 13 de Dezembro de 1519 à baía de Guanabara, onde permaneceu 13 dias.
Em Janeiro, a frota entrou numa larga enseada. De início, pensou que seria a passagem para o outro lado do continente sul-americano. Após semanas de pesquisa, concluiu que se tratava apenas de uma vasta enseada a que se irá dar o nome de rio da Prata. Esta busca infrutífera foi motivo para mais um motim, por parte de dois comandantes espanhóis. Um dos comandantes foi morto e o outro abandonado à sua sorte, na Patagónia. Mesmo "não conhecendo nada, não sabendo o que era o mundo", de acordo com as palavras do jornalista Gonçalo Cadilhe, Fernão de Magalhães nunca perdeu a determinação.
A passagem para o Pacífico foi encontrada em 24 de Agosto de 1520. Tinha cerca de 600 km de comprimento. Fernão de Magalhães deu-lhe o nome de estreito de Todos os Santos. Hoje é denominado estreito de Magalhães.
A frota encontrava-se em situação crítica. O escorbuto espalhava-se pela tripulação. A comida e a água apodreciam. O desastre parecia iminente, quando foi avistada uma ilha. A equipa pôde saciar a fome e os mantimentos foram repostos. Fernão de Magalhães estava num oceano desconhecido. Como o tempo esteve calmo durante a travessia, decidiu chamar-lhe "Pacífico". Semanas mais tarde, avistaram outra ilha. Fernão de Magalhães pensava que se tratava das Molucas, mas estava enganado. Tinha acabado de descobrir o arquipélago das Filipinas. Aproveitou a ocasião para fazer alguma diplomacia em nome do rei de Espanha. A sorte abandonou-o quando desembarcou em Mactan: foi morto em combate. A primeira viagem marítima em redor do globo terrestre foi concluída em 1522, por Sebastião de El Cano, um dos seus capitães.
O facto de Fernão de Magalhães ter concretizado a sua odisseia ao serviço de um rei espanhol não lhe retira o mérito. Pelo contrário. É admirável que tenha conseguido montar uma expedição desta envergadura num país que não era o dele. "Fernão de Magalhães representa um grupo de homens que saíram de Portugal e projectaram o seu saber para fora das fronteiras", diz Gonçalves Neves. E nunca deixou de ser português. Foi graças a ele que Portugal esteve no início da globalização.
Fernão de Magalhães dominava, como poucos, as técnicas de navegação. Isso levou-o a projectar uma viagem espantosa, que respondeu à grande questão da época: saber se a terra era esférica ou não. Numa altura em que todos tinham medo do oceano - medo, afinal, do que não se conhece, do que não se entende - Fernão de Magalhães avançou com a determinação obstinada de quem descobriu a sua missão.
Fernão de Magalhães é, no entanto, uma figura mal amada. Nunca lhe perdoaram o facto de ter servido o imperador Carlos V, que também era rei de Espanha, depois de ter sido dispensado pelo português D. Manuel. "Não foi por culpa dele, mas de quem não acreditou nele", declara a escritora Alice Vieira. Magalhães foi, também por isto, um sobrevivente crónico. Demonstrou tenacidade extraordinária.
Fernão de Magalhães terá nascido em Trás-os-Montes no ano de 1480. Pertencia a uma família da baixa nobreza. A sua educação foi orientada para uma carreira militar, estudou navegação em Lisboa e com 25 anos embarcou para a Índia. Em 1511, tomou parte na conquista de Malaca. "Estava constantemente em acção", conta Gonçalves Neves.
Regressou a Lisboa em 1513, quando lhe foi concedida uma pensão pelo rei D. Manuel I. Um ano mais tarde partiu novamente para a guerra, desta vez em Marrocos. Foi ferido e regressou a Portugal. Foram postos a circular boatos de que terá feito vários negócios com os mouros. Apesar de estas alegações nunca terem sido provadas, Fernão de Magalhães tornou-se indesejado na corte. D. Manuel comunicou-lhe que dispensava os seus serviços. Desiludido, Fernão de Magalhães partiu para Sevilha. Uma vez chegado à capital da Andaluzia, foi ter com um antigo companheiro de armas, Diogo Barbosa. Contou-lhe a ideia de uma viagem de circum-navegação do planeta, cujo objectivo era chegar às ilhas Molucas, as míticas ilhas das especiarias sem fim. Diogo Barbosa apresentou o navegador a pessoas influentes que ficaram impressionadas com a argumentação. Uma demonstração do aperfeiçoado estado da ciência náutica portuguesa. Para o tenente Gonçalves Neves, "Fernão de Magalhães representa a exportação do saber português".
O projecto foi apresentado ao imperador Carlos V, que depressa percebeu que poderia contornar o Tratado de Tordesilhas e dominar o comércio nas ilhas das especiarias. Acatou a ideia e nomeou Magalhães almirante da frota, decisão que foi mal recebida pelos comandantes castelhanos. Coube a Magalhães "organizar a autoridade política e militar dentro das frotas", explica Luís Adão da Fonseca, vice-reitor da Universidade Lusíada.
A frota içou as velas no dia 10 de Agosto de 1519. Levava cerca de 250 tripulantes, de várias nacionalidades. O rei de Portugal não ficou de braços cruzados e enviou duas esquadras com ordens para interceptar Magalhães. Em vão. Fernão de Magalhães apontou para sul e percorreu a costa africana. Uma vez chegado ao largo da Guiné, tomou os ventos em direcção ao Brasil. Um segredo de navegação que os espanhóis desconheciam. No decorrer da travessia do Atlântico, os comandantes espanhóis decidiram contestar a navegação. Fernão de Magalhães deu ordem de prisão a um deles. Chegou em 13 de Dezembro de 1519 à baía de Guanabara, onde permaneceu 13 dias.
Em Janeiro, a frota entrou numa larga enseada. De início, pensou que seria a passagem para o outro lado do continente sul-americano. Após semanas de pesquisa, concluiu que se tratava apenas de uma vasta enseada a que se irá dar o nome de rio da Prata. Esta busca infrutífera foi motivo para mais um motim, por parte de dois comandantes espanhóis. Um dos comandantes foi morto e o outro abandonado à sua sorte, na Patagónia. Mesmo "não conhecendo nada, não sabendo o que era o mundo", de acordo com as palavras do jornalista Gonçalo Cadilhe, Fernão de Magalhães nunca perdeu a determinação.
A passagem para o Pacífico foi encontrada em 24 de Agosto de 1520. Tinha cerca de 600 km de comprimento. Fernão de Magalhães deu-lhe o nome de estreito de Todos os Santos. Hoje é denominado estreito de Magalhães.
A frota encontrava-se em situação crítica. O escorbuto espalhava-se pela tripulação. A comida e a água apodreciam. O desastre parecia iminente, quando foi avistada uma ilha. A equipa pôde saciar a fome e os mantimentos foram repostos. Fernão de Magalhães estava num oceano desconhecido. Como o tempo esteve calmo durante a travessia, decidiu chamar-lhe "Pacífico". Semanas mais tarde, avistaram outra ilha. Fernão de Magalhães pensava que se tratava das Molucas, mas estava enganado. Tinha acabado de descobrir o arquipélago das Filipinas. Aproveitou a ocasião para fazer alguma diplomacia em nome do rei de Espanha. A sorte abandonou-o quando desembarcou em Mactan: foi morto em combate. A primeira viagem marítima em redor do globo terrestre foi concluída em 1522, por Sebastião de El Cano, um dos seus capitães.
O facto de Fernão de Magalhães ter concretizado a sua odisseia ao serviço de um rei espanhol não lhe retira o mérito. Pelo contrário. É admirável que tenha conseguido montar uma expedição desta envergadura num país que não era o dele. "Fernão de Magalhães representa um grupo de homens que saíram de Portugal e projectaram o seu saber para fora das fronteiras", diz Gonçalves Neves. E nunca deixou de ser português. Foi graças a ele que Portugal esteve no início da globalização.
(Texto enviado pela Tia Maria)
Faz-se assim:
«Uma "fonte anónima", que não é mais que um membro do governo ou seu assessor, passa certa "informação" para um jornal. A notícia sai, dado que a fonte é "amiga" ou é credível para o jornalista. Mas não é: o governo só pretende testar a opinião pública e os lóbis ou forçar certa acção de outrem. Depois, no próprio dia ou no dia seguinte, o governo, através de um porta voz autorizado, "desmente" a notícia que tinha fornecido. Embora os leitores não o entendam, é o governo que se desmente a si mesmo; a credibilidade do jornal é posta em causa mas o governo sai sem uma beliscadura».
Eduardo Cintra Torres no Público.
sexta-feira, outubro 27, 2006
Grandessíssimos Portugueses
Magalhães
"Um exemplo para todos nós"
"Um exemplo para todos nós"
A Tia Maria talvez tenha razão, Fernão de Magalhães foi um dos maiores portugueses de sempre. Depois de se ter aventurado pelo Mundo, e demonstrado que a Terra era redonda, nunca mais cá pôs os pés, foi morrer longe.
quinta-feira, outubro 26, 2006
Inveja do Abrupto
Eu e o Pacheco Pereira temos uma coisa em comum,
há sempre uns parvos que nos roubam uma ideia,
só que com ele tem muito mais graça.
há sempre uns parvos que nos roubam uma ideia,
só que com ele tem muito mais graça.
terça-feira, outubro 24, 2006
A ética dos blogs
Quando comecei este blog, há quase três anos, curioso e fascinado com o fenómeno dos blogs, li o livro de Rebecca Blood, pioneira e guru da blogosfera. Eu queria saber tudo sobre blogs, sobre a sua mecânica, o seu funcionamento, e lembro-me que sobre a ética nos blogs, dizia ela que não havia nada de especial a dizer, era a mesma do "mundo lá fora", ou havia ou não havia.
Vem isto a propósito do aparecimento de um blog, que dizendo ignorar a existência deste, lhe copiou o nome. Bastava ir ao Google, foda-se.
... e aproveito para agradecer aqui aos amigos a simpatia e a indignação que expressaram sobre o assunto. Um abraço.
Vem isto a propósito do aparecimento de um blog, que dizendo ignorar a existência deste, lhe copiou o nome. Bastava ir ao Google, foda-se.
... e aproveito para agradecer aqui aos amigos a simpatia e a indignação que expressaram sobre o assunto. Um abraço.
O exemplo Húngaro
Na Hungria, querem fazer apear um político que reconheceu que mentiu para ganhar as eleições. Se o conseguirem, abre-se um perigoso precedente, porque se a moda pega, não vai haver governo que se aguente. A Hungria foi durante anos um exemplo, e corre o risco de continuar a sê-lo.
sábado, outubro 21, 2006
sexta-feira, outubro 20, 2006
A tasca
O optimista Medina Carreira diz que cada governo que vem é sempre pior que o anterior, e que os governos não fazem nada pela economia, limitando-se a distribuir o dinheiro dos impostos. Sendo assim, o melhor mesmo é fechar a tasca, digo eu.
quarta-feira, outubro 18, 2006
E não será que gostam?
Nos States, os gays do partido Republicano estão com o rabo entalado, no mínimo!
terça-feira, outubro 17, 2006
Imagine
"uma Terra sem gente"
"A triste verdade é que, se os seres humanos saissem de cena, a paisagem melhoraria bastante... Se pudessem, as outras espécies com quem partilhamos o planeta votariam a nossa expulsão".
"A triste verdade é que, se os seres humanos saissem de cena, a paisagem melhoraria bastante... Se pudessem, as outras espécies com quem partilhamos o planeta votariam a nossa expulsão".
segunda-feira, outubro 16, 2006
domingo, outubro 15, 2006
sábado, outubro 14, 2006
Lust at least
Porque hoje é sábado, ou porque as noites já estão mais frescas e Erika Lust tem um blog, resolvi apicantar um pouco aqui o rojão e acrescentar o link ali ao lado. Pimba!
sexta-feira, outubro 13, 2006
O Arrastão
O nosso amigo Daniel Oliveira, animador do Eixo do Mal e do Bloco de Esquerda, andava ontem atarefadíssimo na manifestação com um microfone à frente e um camaraman atrás a entrevistar actores e figurantes, e o filme pode ser visto aqui.
quarta-feira, outubro 11, 2006
Votem nas putas
Este é um dos nomes mais engraçados que alguma vez encontrei num blog, que por acaso também é engraçado, apesar da intermitência. Parabéns!
Tolerância Zero
A comunidade islâmica no Canadá, para além da sua religião e dos seus hábitos, e a pretexto de resolver os seus problemas familiares, pretende que sejam aceites também as suas leis, a Sharia. Foda-se!
terça-feira, outubro 10, 2006
Clodovil
Este cromo (que me faz lembrar não sei quem) é candidato a não sei quê no Brasil, e dizem os seus opositores, uns malandros, que se for eleito, a primeira coisa que vai fazer é virar as costas aos eleitores.
"Sou que nem cachorro, é só passar a mão que abano o rabo".
"Sou que nem cachorro, é só passar a mão que abano o rabo".
sexta-feira, outubro 06, 2006
quinta-feira, outubro 05, 2006
O diabo que escolha
Quem viu o impagável "Tapa na Pantera" ali em baixo, em que aquela actriz dá uma entrevista com a cabeça cheia de fumo, e não achou graça, devia ver uma outra, com o actor Oliver Reed no barbeiro, completamente bêbado.
terça-feira, outubro 03, 2006
quem BaixaTiado sou eu
"Nunca antes tinha sido feito um trabalho tão fundo".
Esta gente nem sequer espera pelo próximo terramoto para destruir o trabalho do Marquês.
O amor é...
«Só foram juntos pela primeira vez a qualquer lado quando explodiu a bilha de gaz lá em casa». (Vá lá, o Machado Vaz de vez em quando tem graça)
segunda-feira, outubro 02, 2006
Não é a noção do ridículo
que faz Durão Barroso não ter aquele ar sério nas fotografias que tinha Fidel Castro quando cortava cana em Cuba. Em Darfur, Durão ri-se porque nem mesmo ele se leva a sério.
A verdadeira reforma agrária
é ter junto ao galinheiro, no fundo do quintal, uma plantaçãozinha de maconha. (imperdíveis os outros vídeos no post anterior)