O Spielberg deve andar a dormir
A vida de Fernão de Magalhães dava um filme, a sua personalidade forte e temerária colocava-o sempre no centro da acção. Um homem que "agia para conseguir os seus objectivos, afirma o tenente Gonçalves Neves, investigador do Museu de Marinha. Era um romântico pragmático. As suas estratégias eram preparadas como passos de dança.
Fernão de Magalhães dominava, como poucos, as técnicas de navegação. Isso levou-o a projectar uma viagem espantosa, que respondeu à grande questão da época: saber se a terra era esférica ou não. Numa altura em que todos tinham medo do oceano - medo, afinal, do que não se conhece, do que não se entende - Fernão de Magalhães avançou com a determinação obstinada de quem descobriu a sua missão.
Fernão de Magalhães é, no entanto, uma figura mal amada. Nunca lhe perdoaram o facto de ter servido o imperador Carlos V, que também era rei de Espanha, depois de ter sido dispensado pelo português D. Manuel. "Não foi por culpa dele, mas de quem não acreditou nele", declara a escritora Alice Vieira. Magalhães foi, também por isto, um sobrevivente crónico. Demonstrou tenacidade extraordinária.
Fernão de Magalhães terá nascido em Trás-os-Montes no ano de 1480. Pertencia a uma família da baixa nobreza. A sua educação foi orientada para uma carreira militar, estudou navegação em Lisboa e com 25 anos embarcou para a Índia. Em 1511, tomou parte na conquista de Malaca. "Estava constantemente em acção", conta Gonçalves Neves.
Regressou a Lisboa em 1513, quando lhe foi concedida uma pensão pelo rei D. Manuel I. Um ano mais tarde partiu novamente para a guerra, desta vez em Marrocos. Foi ferido e regressou a Portugal. Foram postos a circular boatos de que terá feito vários negócios com os mouros. Apesar de estas alegações nunca terem sido provadas, Fernão de Magalhães tornou-se indesejado na corte. D. Manuel comunicou-lhe que dispensava os seus serviços. Desiludido, Fernão de Magalhães partiu para Sevilha. Uma vez chegado à capital da Andaluzia, foi ter com um antigo companheiro de armas, Diogo Barbosa. Contou-lhe a ideia de uma viagem de circum-navegação do planeta, cujo objectivo era chegar às ilhas Molucas, as míticas ilhas das especiarias sem fim. Diogo Barbosa apresentou o navegador a pessoas influentes que ficaram impressionadas com a argumentação. Uma demonstração do aperfeiçoado estado da ciência náutica portuguesa. Para o tenente Gonçalves Neves, "Fernão de Magalhães representa a exportação do saber português".
O projecto foi apresentado ao imperador Carlos V, que depressa percebeu que poderia contornar o Tratado de Tordesilhas e dominar o comércio nas ilhas das especiarias. Acatou a ideia e nomeou Magalhães almirante da frota, decisão que foi mal recebida pelos comandantes castelhanos. Coube a Magalhães "organizar a autoridade política e militar dentro das frotas", explica Luís Adão da Fonseca, vice-reitor da Universidade Lusíada.
A frota içou as velas no dia 10 de Agosto de 1519. Levava cerca de 250 tripulantes, de várias nacionalidades. O rei de Portugal não ficou de braços cruzados e enviou duas esquadras com ordens para interceptar Magalhães. Em vão. Fernão de Magalhães apontou para sul e percorreu a costa africana. Uma vez chegado ao largo da Guiné, tomou os ventos em direcção ao Brasil. Um segredo de navegação que os espanhóis desconheciam. No decorrer da travessia do Atlântico, os comandantes espanhóis decidiram contestar a navegação. Fernão de Magalhães deu ordem de prisão a um deles. Chegou em 13 de Dezembro de 1519 à baía de Guanabara, onde permaneceu 13 dias.
Em Janeiro, a frota entrou numa larga enseada. De início, pensou que seria a passagem para o outro lado do continente sul-americano. Após semanas de pesquisa, concluiu que se tratava apenas de uma vasta enseada a que se irá dar o nome de rio da Prata. Esta busca infrutífera foi motivo para mais um motim, por parte de dois comandantes espanhóis. Um dos comandantes foi morto e o outro abandonado à sua sorte, na Patagónia. Mesmo "não conhecendo nada, não sabendo o que era o mundo", de acordo com as palavras do jornalista Gonçalo Cadilhe, Fernão de Magalhães nunca perdeu a determinação.
A passagem para o Pacífico foi encontrada em 24 de Agosto de 1520. Tinha cerca de 600 km de comprimento. Fernão de Magalhães deu-lhe o nome de estreito de Todos os Santos. Hoje é denominado estreito de Magalhães.
A frota encontrava-se em situação crítica. O escorbuto espalhava-se pela tripulação. A comida e a água apodreciam. O desastre parecia iminente, quando foi avistada uma ilha. A equipa pôde saciar a fome e os mantimentos foram repostos. Fernão de Magalhães estava num oceano desconhecido. Como o tempo esteve calmo durante a travessia, decidiu chamar-lhe "Pacífico". Semanas mais tarde, avistaram outra ilha. Fernão de Magalhães pensava que se tratava das Molucas, mas estava enganado. Tinha acabado de descobrir o arquipélago das Filipinas. Aproveitou a ocasião para fazer alguma diplomacia em nome do rei de Espanha. A sorte abandonou-o quando desembarcou em Mactan: foi morto em combate. A primeira viagem marítima em redor do globo terrestre foi concluída em 1522, por Sebastião de El Cano, um dos seus capitães.
O facto de Fernão de Magalhães ter concretizado a sua odisseia ao serviço de um rei espanhol não lhe retira o mérito. Pelo contrário. É admirável que tenha conseguido montar uma expedição desta envergadura num país que não era o dele. "Fernão de Magalhães representa um grupo de homens que saíram de Portugal e projectaram o seu saber para fora das fronteiras", diz Gonçalves Neves. E nunca deixou de ser português. Foi graças a ele que Portugal esteve no início da globalização.
Fernão de Magalhães dominava, como poucos, as técnicas de navegação. Isso levou-o a projectar uma viagem espantosa, que respondeu à grande questão da época: saber se a terra era esférica ou não. Numa altura em que todos tinham medo do oceano - medo, afinal, do que não se conhece, do que não se entende - Fernão de Magalhães avançou com a determinação obstinada de quem descobriu a sua missão.
Fernão de Magalhães é, no entanto, uma figura mal amada. Nunca lhe perdoaram o facto de ter servido o imperador Carlos V, que também era rei de Espanha, depois de ter sido dispensado pelo português D. Manuel. "Não foi por culpa dele, mas de quem não acreditou nele", declara a escritora Alice Vieira. Magalhães foi, também por isto, um sobrevivente crónico. Demonstrou tenacidade extraordinária.
Fernão de Magalhães terá nascido em Trás-os-Montes no ano de 1480. Pertencia a uma família da baixa nobreza. A sua educação foi orientada para uma carreira militar, estudou navegação em Lisboa e com 25 anos embarcou para a Índia. Em 1511, tomou parte na conquista de Malaca. "Estava constantemente em acção", conta Gonçalves Neves.
Regressou a Lisboa em 1513, quando lhe foi concedida uma pensão pelo rei D. Manuel I. Um ano mais tarde partiu novamente para a guerra, desta vez em Marrocos. Foi ferido e regressou a Portugal. Foram postos a circular boatos de que terá feito vários negócios com os mouros. Apesar de estas alegações nunca terem sido provadas, Fernão de Magalhães tornou-se indesejado na corte. D. Manuel comunicou-lhe que dispensava os seus serviços. Desiludido, Fernão de Magalhães partiu para Sevilha. Uma vez chegado à capital da Andaluzia, foi ter com um antigo companheiro de armas, Diogo Barbosa. Contou-lhe a ideia de uma viagem de circum-navegação do planeta, cujo objectivo era chegar às ilhas Molucas, as míticas ilhas das especiarias sem fim. Diogo Barbosa apresentou o navegador a pessoas influentes que ficaram impressionadas com a argumentação. Uma demonstração do aperfeiçoado estado da ciência náutica portuguesa. Para o tenente Gonçalves Neves, "Fernão de Magalhães representa a exportação do saber português".
O projecto foi apresentado ao imperador Carlos V, que depressa percebeu que poderia contornar o Tratado de Tordesilhas e dominar o comércio nas ilhas das especiarias. Acatou a ideia e nomeou Magalhães almirante da frota, decisão que foi mal recebida pelos comandantes castelhanos. Coube a Magalhães "organizar a autoridade política e militar dentro das frotas", explica Luís Adão da Fonseca, vice-reitor da Universidade Lusíada.
A frota içou as velas no dia 10 de Agosto de 1519. Levava cerca de 250 tripulantes, de várias nacionalidades. O rei de Portugal não ficou de braços cruzados e enviou duas esquadras com ordens para interceptar Magalhães. Em vão. Fernão de Magalhães apontou para sul e percorreu a costa africana. Uma vez chegado ao largo da Guiné, tomou os ventos em direcção ao Brasil. Um segredo de navegação que os espanhóis desconheciam. No decorrer da travessia do Atlântico, os comandantes espanhóis decidiram contestar a navegação. Fernão de Magalhães deu ordem de prisão a um deles. Chegou em 13 de Dezembro de 1519 à baía de Guanabara, onde permaneceu 13 dias.
Em Janeiro, a frota entrou numa larga enseada. De início, pensou que seria a passagem para o outro lado do continente sul-americano. Após semanas de pesquisa, concluiu que se tratava apenas de uma vasta enseada a que se irá dar o nome de rio da Prata. Esta busca infrutífera foi motivo para mais um motim, por parte de dois comandantes espanhóis. Um dos comandantes foi morto e o outro abandonado à sua sorte, na Patagónia. Mesmo "não conhecendo nada, não sabendo o que era o mundo", de acordo com as palavras do jornalista Gonçalo Cadilhe, Fernão de Magalhães nunca perdeu a determinação.
A passagem para o Pacífico foi encontrada em 24 de Agosto de 1520. Tinha cerca de 600 km de comprimento. Fernão de Magalhães deu-lhe o nome de estreito de Todos os Santos. Hoje é denominado estreito de Magalhães.
A frota encontrava-se em situação crítica. O escorbuto espalhava-se pela tripulação. A comida e a água apodreciam. O desastre parecia iminente, quando foi avistada uma ilha. A equipa pôde saciar a fome e os mantimentos foram repostos. Fernão de Magalhães estava num oceano desconhecido. Como o tempo esteve calmo durante a travessia, decidiu chamar-lhe "Pacífico". Semanas mais tarde, avistaram outra ilha. Fernão de Magalhães pensava que se tratava das Molucas, mas estava enganado. Tinha acabado de descobrir o arquipélago das Filipinas. Aproveitou a ocasião para fazer alguma diplomacia em nome do rei de Espanha. A sorte abandonou-o quando desembarcou em Mactan: foi morto em combate. A primeira viagem marítima em redor do globo terrestre foi concluída em 1522, por Sebastião de El Cano, um dos seus capitães.
O facto de Fernão de Magalhães ter concretizado a sua odisseia ao serviço de um rei espanhol não lhe retira o mérito. Pelo contrário. É admirável que tenha conseguido montar uma expedição desta envergadura num país que não era o dele. "Fernão de Magalhães representa um grupo de homens que saíram de Portugal e projectaram o seu saber para fora das fronteiras", diz Gonçalves Neves. E nunca deixou de ser português. Foi graças a ele que Portugal esteve no início da globalização.
(Texto enviado pela Tia Maria)
5 Comments:
Este texto está no sítio dos grandes portugueses da RTP. Só fiz o link, não o escrevi
Ufff! não quero confusões...
E ela a dar-lhe!
Oh ti bia,
Eu voto num que PRESTE, JOÃO serve, afinal é um homem das índias.
E a índia é nossa! Olivença também.
... e a opinião também é nossa.
Ah, te pillé, tia maria, é plágio, é plágio e é plágio
Copiona, copiona y copiona
Erecteu,
un favorcito,
descansa un poquito
que te vas a quedar cieguito
de tanto ordenadorcito
Lusocopía
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