sexta-feira, novembro 28, 2008
terça-feira, novembro 25, 2008
sexta-feira, novembro 21, 2008
quinta-feira, novembro 20, 2008
... na peida!
"Tenho confiança na equipa. Os jogadores na hora certa vão dar uma resposta"
A que horas? Que resposta? Eu, que estive acordado até às quatro da manhã para ver o jogo, acho que a hora certa foi quando me fui deitar, depois do quarto golo, e devia ter ido antes. Ganda Brasil!!!
Adenda: Entretanto acabo de saber que para o Carlos Queiroz se ir embora a indeminização que lhe cabe é de cerca de um euro e meio por cada português. Eu já mandei a minha parte por vale postal.
terça-feira, novembro 18, 2008
"Olhos nos Olhos"
Esta é a exposição que eu deveria e gostava de ter feito há quarenta anos. Mas só agora aconteceu, a vida assim quis. Com ela se fecha um ciclo, e prometo não vos fazer esperar outros quarenta pela próxima. Àqueles que me têm perguntado porquê a escolha do preto e branco, quero esclarecer que as fotos são todas coloridas, coloridas com cores que só algumas pessoas conseguem ver.
"LUZES NOS OLHOS"
Que luzes são estas que brilham nos olhos que nos olham nos nossos próprios olhos? Que "clic" alumbrante faz abrir o diafragma de uma câmara qual retina no claro-escuro do espelho da alma? Que diálogo de íris é este em mensagens oscilando entre o sereno e o questionante, entre o sério e o sorridente?
Com olhos de espírito percorro estas imagens que o António-Henrique Silva nos dá em química água reveladora. Escolhendo o preto-e-branco para a sua mostra artística, as fotos acabaram por ganhar outros brilhos e contornos contrastantes, outro pulsar interpretativo.
Efectivamente, o claro e escuro obriga-nos à imaginação, abre-nos caminhos-de-mar nocturnos ou solarengos onde podemos navegar pela polissemia destes olhares feitos velas e mastros, quilhas e lemes na demanda dos portos da vida. São rostos com um olhar-cais também de chegadas e partidas, de sonhos, de perplexidades, de pupilas questionadoras, de laços de ternura em capulanas de afecto.
Como espelho revelador as imagens refletem um espaço vivencial, um território cultural, uma idade sem tempo, um diálogo aberto com o observado que, por sinal, também nos observa. E é aqui que arte acontece, pois ela é o agora, o fluido espiritual de cada momento, o cadinho alquímico e amoroso do Ser criador e divino que também somos.
Como todas as artes, a fotografia artística nasce igualmente do olhar-gosto, do olhar-talento, do olhar-sentimento, do olhar-mãos em oficina-laboratório, em adicional labor experimentado.
E foi em Angola para onde o levaram com apenas um ano de idade que o António ganhou o gosto pela arte de fotografar e revelar e foi ali que cresceu em experienciadas lutas e labutas que o conduziram depois para outras pátrias de acolhimento e de aprendizagem.
Em viagem por Moçambique, os seus olhos retiveram-se nos nossos olhos e, agraciado e agraciante, não quis ficar com as imagens para si, mas regressar ao Índico mar-rosto deste país e partilhar connosco o olhar-foco do seu talento. Kanimanbo!
CALANE DA SILVA
(Maputo – Novembro – 2008)
Com olhos de espírito percorro estas imagens que o António-Henrique Silva nos dá em química água reveladora. Escolhendo o preto-e-branco para a sua mostra artística, as fotos acabaram por ganhar outros brilhos e contornos contrastantes, outro pulsar interpretativo.
Efectivamente, o claro e escuro obriga-nos à imaginação, abre-nos caminhos-de-mar nocturnos ou solarengos onde podemos navegar pela polissemia destes olhares feitos velas e mastros, quilhas e lemes na demanda dos portos da vida. São rostos com um olhar-cais também de chegadas e partidas, de sonhos, de perplexidades, de pupilas questionadoras, de laços de ternura em capulanas de afecto.
Como espelho revelador as imagens refletem um espaço vivencial, um território cultural, uma idade sem tempo, um diálogo aberto com o observado que, por sinal, também nos observa. E é aqui que arte acontece, pois ela é o agora, o fluido espiritual de cada momento, o cadinho alquímico e amoroso do Ser criador e divino que também somos.
Como todas as artes, a fotografia artística nasce igualmente do olhar-gosto, do olhar-talento, do olhar-sentimento, do olhar-mãos em oficina-laboratório, em adicional labor experimentado.
E foi em Angola para onde o levaram com apenas um ano de idade que o António ganhou o gosto pela arte de fotografar e revelar e foi ali que cresceu em experienciadas lutas e labutas que o conduziram depois para outras pátrias de acolhimento e de aprendizagem.
Em viagem por Moçambique, os seus olhos retiveram-se nos nossos olhos e, agraciado e agraciante, não quis ficar com as imagens para si, mas regressar ao Índico mar-rosto deste país e partilhar connosco o olhar-foco do seu talento. Kanimanbo!
CALANE DA SILVA
(Maputo – Novembro – 2008)
segunda-feira, novembro 17, 2008
Pai, sou ministro! (... lembram-se?)
"Pede para ser ouvido, não porque tenha alguma coisa para contar, mas porque não tem nada para esconder".
É este um dos rostos que nos ficaram do Cavaquismo, para além da múmia que agora faz de Presidente. Eu por mim, para palhaçadas, prefiro as do homem das barbas aqui em baixo.
sábado, novembro 15, 2008
E se Obama fosse africano?
Por Mia Couto
Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.
E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.
Jornal "SAVANA" – 14 de Novembro de 2008
Os africanos rejubilaram com a vitória de Obama. Eu fui um deles. Depois de uma noite em claro, na irrealidade da penumbra da madrugada, as lágrimas corriam-me quando ele pronunciou o discurso de vencedor. Nesse momento, eu era também um vencedor. A mesma felicidade me atravessara quando Nelson Mandela foi libertado e o novo estadista sul-africano consolidava um caminho de dignificação de África.
Na noite de 5 de Novembro, o novo presidente norte-americano não era apenas um homem que falava. Era a sufocada voz da esperança que se reerguia, liberta, dentro de nós. Meu coração tinha votado, mesmo sem permissão: habituado a pedir pouco, eu festejava uma vitória sem dimensões. Ao sair à rua, a minha cidade se havia deslocado para Chicago, negros e brancos respirando comungando de uma mesma surpresa feliz. Porque a vitória de Obama não foi a de uma raça sobre outra: sem a participação massiva dos americanos de todas as raças (incluindo a da maioria branca) os Estados Unidos da América não nos entregariam motivo para festejarmos.
Nos dias seguintes, fui colhendo as reacções eufóricas dos mais diversos recantos do nosso continente. Pessoas anónimas, cidadãos comuns querem testemunhar a sua felicidade. Ao mesmo tempo fui tomando nota, com algumas reservas, das mensagens solidárias de dirigentes africanos. Quase todos chamavam Obama de "nosso irmão". E pensei: estarão todos esses dirigentes sendo sinceros? Será Barack Obama familiar de tanta gente politicamente tão diversa? Tenho dúvidas. Na pressa de ver preconceitos somente nos outros, não somos capazes de ver os nossos próprios racismos e xenofobias. Na pressa de condenar o Ocidente, esquecemo-nos de aceitar as lições que nos chegam desse outro lado do mundo.
Foi então que me chegou às mãos um texto de um escritor camaronês, Patrice Nganang, intitulado: "E se Obama fosse camaronês?". As questões que o meu colega dos Camarões levantava sugeriram-me perguntas diversas, formuladas agora em redor da seguinte hipótese: e se Obama fosse africano e concorresse à presidência num país africano? São estas perguntas que gostaria de explorar neste texto.
E se Obama fosse africano e candidato a uma presidência africana?
1. Se Obama fosse africano, um seu concorrente (um qualquer George Bush das Áfricas) inventaria mudanças na Constituição para prolongar o seu mandato para além do previsto. E o nosso Obama teria que esperar mais uns anos para voltar a candidatar-se. A espera poderia ser longa, se tomarmos em conta a permanência de um mesmo presidente no poder em África. Uns 41 anos no Gabão, 39 na Líbia, 28 no Zimbabwe, 28 na Guiné Equatorial, 28 em Angola, 27 no Egipto, 26 nos Camarões. E por aí fora, perfazendo uma quinzena de presidentes que governam há mais de 20 anos consecutivos no continente. Mugabe terá 90 anos quando terminar o mandato para o qual se impôs acima do veredicto popular.
2. Se Obama fosse africano, o mais provável era que, sendo um candidato do partido da oposição, não teria espaço para fazer campanha. Far-Ihe-iam como, por exemplo, no Zimbabwe ou nos Camarões: seria agredido fisicamente, seria preso consecutivamente, ser-Ihe-ia retirado o passaporte. Os Bushs de África não toleram opositores, não toleram a democracia.
3. Se Obama fosse africano, não seria sequer elegível em grande parte dos países porque as elites no poder inventaram leis restritivas que fecham as portas da presidência a filhos de estrangeiros e a descendentes de imigrantes. O nacionalista zambiano Kenneth Kaunda está sendo questionado, no seu próprio país, como filho de malawianos. Convenientemente "descobriram" que o homem que conduziu a Zâmbia à independência e governou por mais de 25 anos era, afinal, filho de malawianos e durante todo esse tempo tinha governado 'ilegalmente". Preso por alegadas intenções golpistas, o nosso Kenneth Kaunda (que dá nome a uma das mais nobres avenidas de Maputo) será interdito de fazer política e assim, o regime vigente, se verá livre de um opositor.
4. Sejamos claros: Obama é negro nos Estados Unidos. Em África ele é mulato. Se Obama fosse africano, veria a sua raça atirada contra o seu próprio rosto. Não que a cor da pele fosse importante para os povos que esperam ver nos seus líderes competência e trabalho sério. Mas as elites predadoras fariam campanha contra alguém que designariam por um "não autêntico africano". O mesmo irmão negro que hoje é saudado como novo Presidente americano seria vilipendiado em casa como sendo representante dos "outros", dos de outra raça, de outra bandeira (ou de nenhuma bandeira?).
5. Se fosse africano, o nosso "irmão" teria que dar muita explicação aos moralistas de serviço quando pensasse em incluir no discurso de agradecimento o apoio que recebeu dos homossexuais. Pecado mortal para os advogados da chamada "pureza africana". Para estes moralistas – tantas vezes no poder, tantas vezes com poder - a homossexualidade é um inaceitável vício mortal que é exterior a África e aos africanos.
6. Se ganhasse as eleições, Obama teria provavelmente que sentar-se à mesa de negociações e partilhar o poder com o derrotado, num processo negocial degradante que mostra que, em certos países africanos, o perdedor pode negociar aquilo que parece sagrado - a vontade do povo expressa nos votos. Nesta altura, estaria Barack Obama sentado numa mesa com um qualquer Bush em infinitas rondas negociais com mediadores africanos que nos ensinam que nos devemos contentar com as migalhas dos processos eleitorais que não correm a favor dos ditadores.
Inconclusivas conclusões
Fique claro: existem excepções neste quadro generalista. Sabemos todos de que excepções estamos falando e nós mesmos moçambicanos, fomos capazes de construir uma dessas condições à parte.
Fique igualmente claro: todos estes entraves a um Obama africano não seriam impostos pelo povo, mas pelos donos do poder, por elites que fazem da governação fonte de enriquecimento sem escrúpulos.
A verdade é que Obama não é africano. A verdade é que os africanos - as pessoas simples e os trabalhadores anónimos - festejaram com toda a alma a vitória americana de Obama. Mas não creio que os ditadores e corruptos de África tenham o direito de se fazerem convidados para esta festa.
Porque a alegria que milhões de africanos experimentaram no dia 5 de Novembro nascia de eles investirem em Obama exactamente o oposto daquilo que conheciam da sua experiência com os seus próprios dirigentes. Por muito que nos custe admitir, apenas uma minoria de estados africanos conhecem ou conheceram dirigentes preocupados com o bem público.
No mesmo dia em que Obama confirmava a condição de vencedor, os noticiários internacionais abarrotavam de notícias terríveis sobre África. No mesmo dia da vitória da maioria norte-americana, África continuava sendo derrotada por guerras, má gestão, ambição desmesurada de políticos gananciosos. Depois de terem morto a democracia, esses políticos estão matando a própria política. Resta a guerra, em alguns casos. Outros, a desistência e o cinismo.
Só há um modo verdadeiro de celebrar Obama nos países africanos: é lutar para que mais bandeiras de esperança possam nascer aqui, no nosso continente. É lutar para que Obamas africanos possam também vencer. E nós, africanos de todas as etnias e raças, vencermos com esses Obamas e celebrarmos em nossa casa aquilo que agora festejamos em casa alheia.
Jornal "SAVANA" – 14 de Novembro de 2008
quarta-feira, novembro 12, 2008
eu bem avisei
Na Europa começa agora a perceber-se que afinal o nosso Zé Manel é um bocado cepo. (um bocado é favor)
A frase
"Muito do sofrimento humano é causado por conflitos das pessoas consigo mesmas". A frase não é de nenhum autor budista, mas sim de António Damásio.
sábado, novembro 08, 2008
sexta-feira, novembro 07, 2008
Jacarandá
acabo de saber que o António Barreto tem um blog, e por sinal com um nome bem bonito. Foi direitinho aqui para a lista, para quem gosta do género.
145 anos depois
Foram precisos 145 anos, depois de ter sido abolida a escravatura, para que fosse possível eleger um presidente meio branco meio negro na América. (Se bem que, para a maioria dos brancos americanos, Obama seja negro). Aqui em Maputo, na manhã após as eleições, a alegria da população por todo o lado era imensa, e eu compreendo, a minha também o era. Mas pergunto-me agora, quantos daqueles negros que comemoravam terão percebido que, se um "negro" ganhou na América foi sobretudo com os votos dos "brancos", e ainda quantos anos serão precisos para que na África do Sul, por exemplo, ou em Angola, ou em Moçambique, ou em qualquer outro país africano um branco possa ser eleito presidente?
quinta-feira, novembro 06, 2008
quarta-feira, novembro 05, 2008
Foi bonita a festa pá!
Não me emocionava assim há muito tempo, talvez desde o 25 de Abril, ou quando da libertação de Nelson Mandela...
terça-feira, novembro 04, 2008
Platini, um bom exemplo
Platini confessa que nunca cantou a Marselhesa antes dos jogos, mesmo achando que é o mais bonito hino nacional do mundo. Para ele, cantar "aux armes citoyens" antes de um jogo de futebol parece-lhe ir contra o espírito desportivo. «É só um jogo, um desporto, e não uma batalha de uma guerra. Por isso, nunca cantei o hino».
segunda-feira, novembro 03, 2008
sábado, novembro 01, 2008
a lei de Murphy
A lei de Murphy diz que se algo de errado pode acontecer, acontecerá com certeza. Ora, a cumprir-se a lei, não será Obama que teremos como próximo Presidente dos Estados Unidos. E mais, é muito possível que, mais dia menos dia, Mcain bata as botas e ainda acabemos por vir a ter Sara Pallin Presidenta. Bonito serviço!