"Olhos nos Olhos"
Esta é a exposição que eu deveria e gostava de ter feito há quarenta anos. Mas só agora aconteceu, a vida assim quis. Com ela se fecha um ciclo, e prometo não vos fazer esperar outros quarenta pela próxima. Àqueles que me têm perguntado porquê a escolha do preto e branco, quero esclarecer que as fotos são todas coloridas, coloridas com cores que só algumas pessoas conseguem ver.
"LUZES NOS OLHOS"
Que luzes são estas que brilham nos olhos que nos olham nos nossos próprios olhos? Que "clic" alumbrante faz abrir o diafragma de uma câmara qual retina no claro-escuro do espelho da alma? Que diálogo de íris é este em mensagens oscilando entre o sereno e o questionante, entre o sério e o sorridente?
Com olhos de espírito percorro estas imagens que o António-Henrique Silva nos dá em química água reveladora. Escolhendo o preto-e-branco para a sua mostra artística, as fotos acabaram por ganhar outros brilhos e contornos contrastantes, outro pulsar interpretativo.
Efectivamente, o claro e escuro obriga-nos à imaginação, abre-nos caminhos-de-mar nocturnos ou solarengos onde podemos navegar pela polissemia destes olhares feitos velas e mastros, quilhas e lemes na demanda dos portos da vida. São rostos com um olhar-cais também de chegadas e partidas, de sonhos, de perplexidades, de pupilas questionadoras, de laços de ternura em capulanas de afecto.
Como espelho revelador as imagens refletem um espaço vivencial, um território cultural, uma idade sem tempo, um diálogo aberto com o observado que, por sinal, também nos observa. E é aqui que arte acontece, pois ela é o agora, o fluido espiritual de cada momento, o cadinho alquímico e amoroso do Ser criador e divino que também somos.
Como todas as artes, a fotografia artística nasce igualmente do olhar-gosto, do olhar-talento, do olhar-sentimento, do olhar-mãos em oficina-laboratório, em adicional labor experimentado.
E foi em Angola para onde o levaram com apenas um ano de idade que o António ganhou o gosto pela arte de fotografar e revelar e foi ali que cresceu em experienciadas lutas e labutas que o conduziram depois para outras pátrias de acolhimento e de aprendizagem.
Em viagem por Moçambique, os seus olhos retiveram-se nos nossos olhos e, agraciado e agraciante, não quis ficar com as imagens para si, mas regressar ao Índico mar-rosto deste país e partilhar connosco o olhar-foco do seu talento. Kanimanbo!
CALANE DA SILVA
(Maputo – Novembro – 2008)
Com olhos de espírito percorro estas imagens que o António-Henrique Silva nos dá em química água reveladora. Escolhendo o preto-e-branco para a sua mostra artística, as fotos acabaram por ganhar outros brilhos e contornos contrastantes, outro pulsar interpretativo.
Efectivamente, o claro e escuro obriga-nos à imaginação, abre-nos caminhos-de-mar nocturnos ou solarengos onde podemos navegar pela polissemia destes olhares feitos velas e mastros, quilhas e lemes na demanda dos portos da vida. São rostos com um olhar-cais também de chegadas e partidas, de sonhos, de perplexidades, de pupilas questionadoras, de laços de ternura em capulanas de afecto.
Como espelho revelador as imagens refletem um espaço vivencial, um território cultural, uma idade sem tempo, um diálogo aberto com o observado que, por sinal, também nos observa. E é aqui que arte acontece, pois ela é o agora, o fluido espiritual de cada momento, o cadinho alquímico e amoroso do Ser criador e divino que também somos.
Como todas as artes, a fotografia artística nasce igualmente do olhar-gosto, do olhar-talento, do olhar-sentimento, do olhar-mãos em oficina-laboratório, em adicional labor experimentado.
E foi em Angola para onde o levaram com apenas um ano de idade que o António ganhou o gosto pela arte de fotografar e revelar e foi ali que cresceu em experienciadas lutas e labutas que o conduziram depois para outras pátrias de acolhimento e de aprendizagem.
Em viagem por Moçambique, os seus olhos retiveram-se nos nossos olhos e, agraciado e agraciante, não quis ficar com as imagens para si, mas regressar ao Índico mar-rosto deste país e partilhar connosco o olhar-foco do seu talento. Kanimanbo!
CALANE DA SILVA
(Maputo – Novembro – 2008)
9 Comments:
Kalimano...!!!
Que delícia...Adorei o texto, tenho a certeza que as fotografias têm a mesma poesia... O comboío não passou...por isso cá do burgo, Muitos Parabéns!!!
Olga
Lindo e poético como sempre este texto que, tanto quanto pude ver nalgumas fotografia, completa a harmonia vibrante da exposição.
Um abraço ao tio Raúl (Calane) e ao António.
Avô João
Cadê a reportagem do happening??
Já sei que foi um sucesso e vi que foi anunciado em vários sítios, até no Notícias!!
Quero saber tudo ...
Um beijo grande Paula
Não fiz reportagem porque acabei por ser eu o reportagiado, mas houve quem fizesse, até falei para a Tv com o Neca por cima do ombro a fazer de emplastro. RTP África/Internacional 6ª feira cerca das 14 não percas.
Caro Toix,
espero que a exposição seja um sucesso e que a repita em Lisboa ou outra cidade de Portugal para a podermos desfrutar.
Um abraço
P.S. : O Neca já foi promovido ? :))
Toí...
Uma vez mais te digo que ainda bem q expões agora. O tempo não interessa para nada. O importante é mostrares a tua arte, essa sim está contigo há mais de 40 anos...
Tomei a liberdade de trancrever o texto e colocar a foto no meu site.
Grande abraço
Mário Tendinha
e eu agradeço, meu avilo.
Sono giunta in questo tuo spazio virtuale attraverso mirabilia200, ho faticato non poco nel tentare di tradurre il post. Ma qualcosa credo di aver capito visto che la traduzione mi pare in sintonia con la foto del post..che vale più di mille parole in tutte le lingue del mondo.
Un saluto,
angela
Parabens...o Mario Tendinha estava certo, este é um site com muita coisa interessante.
Cumprimentos desde a Galiza
Enviar um comentário
<< Home