Por um lado até foi bom

apesar de ter sido uma merda, segundo me dizem, penso que foi óptimo e pedagógico a Amy Winehouse apresentar-se ontem frente aos quase cem mil jovens que foram vê-la ao Rock in Rio completamente "stoned". Não vi mas gostei.

Força, animal!

Com o aumento do preço da gasolina é da maior sensatez começarmos a pensar em ir buscar a velha bicla ao fundo da garagem. São só vantagens. Além de não poluir, também se poupa imenso no ginásio.

Não há direito!

"Há meses que procuro as cartas de Séneca a Lucílio. Nada. A Gulbenkian promete reedição para breve. Andamos nisto há um ano." Se o virem, digam-lhe que talvez Lucílio tenha devolvido as cartas. Para quem não conhece, aqui vai um cheirinho:

"...reclama o direito de dispores de ti, concentra e aproveita todo o tempo que até agora te era roubado, te era subtraído, que te fugia das mãos. Convence-te de que as coisas são tal como as descrevo: uma parte do tempo é-nos tomada, outra parte vai-se sem darmos por isso, outra deixamo-la escapar. Mas o pior de tudo é o tempo desperdiçado por negligência. Se bem reparares, durante grande parte da vida agimos mal, durante a maior parte não agimos nada, durante toda a vida agimos inutilmente".

Música creola moçambicana

"Maputos, Luandas e Praias Brasílias
Bissaus e Macaus...S.Tomé, tantas mais
OH! irmãs amadas que são desde Sagres

A herança mulata do mar para o mundo
Deixem-me sentir o sabor a sal
Na língua que é minha e que é nossa afinal"

Liguem o som e deliciem-se:
Madrugada no Zanzibar de Mingo Rangel

Sugestão de fim de semana

As canções que ouvíamos

em " A Origem das Espécies".

Escola Nacional de Dança

(clic nas imagens para ver em tamanho natural) Na rua de Bagamoyo, na baixa da cidade, junto ao porto, tive hoje uma bela surpresa. Um pouco ao acaso, dei de caras com a Escola Nacional de Dança de Maputo. O bairro é uma espécie de Cais do Sodré a fazer lembrar New Orleans, com putas nas esquinas e à porta dos bares, e com passeios de enormes arcadas sustentando lindíssimas varandas de estilo colonial. É um sítio belíssimo que, se ainda não é, devia ser considerado património Mundial. A visita à escola foi rápida e não tive ocasião de fazer muitas mais fotos, mas prometi voltar.

o novo apartheid

Recordando esta imagem de um post anterior, pergunto-me que estranho fenómeno será este agora na África do Sul, em que os pobres se revoltam, não contra o governo, mas contra os mais pobres ainda.

Dilema

A alguém que não perceba a diferença entre casar e ter um cão, sugere-se o seguinte. Feche a mulher e o cão na mala do carro, digamos que, durante uma hora. Ao abrir, quem é que acha que sai de lá contente e agradecido?

a pirâmide

cartoon do meu amigo João Melo, publicado numa revista local,
entretanto desaparecida. Quanto à pirâmide, continua, cada vez mais sólida.

cores da Namaacha

"E pur si muove"

Agora é nossa!

No tempo em que ainda fazia reportagens para o "Público", o escritor Eduardo Agualusa contou que um dia, à conversa com um alto dirigente angolano lhe perguntou (off record) se achava justo o enriquecimento dele e de outros companheiros seus à custa das riquezas de Angola, que supostamente seriam de todos. Pois o argumento do camarada dirigente foi o seguinte:
"Nós angolanos lutámos para que Angola fosse nossa... agora é nossa!"

Por muito que lhes custe

Por muito que custe aos matumbos do costume, o Expresso reincidiu na edição de hoje com uma importante entrevista a Bob Geldof que vale a pena ler

Porquê a mim?

"Vão chatear o Toix!"
... encontro isto num blog que julgo ser de um conterrâneo de circunstância, que por acaso não conheço, e confesso que não entendo o sentido, mas agradeço à mesma a publicidade.
(a não ser que a foto que ilustra o post seja entendida como um subliminar incentivo ao suicídio. Aí sim já entendo. Com a explosão demográfica que se avizinha é uma atitude avisada)

Imagens do trabalho em Moçambique

Uma mercearia informal nos arredores de Maputo

e na cidade do asfalto
as longas noitadas dos porteiros

A blogger cativa

Já em tempos aqui falei de Yoani Sanchez e do blog que escreve "desde Cuba". Entretanto a revista TIME incluiu-a na lista das 100 personalidades mais influentes do Mundo, e mais recentemente em Espanha foi-lhe atribuido o prémio "Ortega y Gasset" de jornalismo digital. Pois na mais pura coerência, o regime cubano não autorizou a sua deslocação a Espanha para receber o prémio.

foto da cerimónia ontem em Madrid

(Estranhamente o link do blog parece não estar activo)

É isso aí

uma prenda...
Para quem acredita em milagres.

(ligar o som e ouvir até ao fim)

As verdades insuportáveis

Alguns dos principais cúmplices do que se passa em Angola já se desmarcaram em comunicado, mas custa a crer que tanto o BES como o jornal EXPRESSO, os promotores do encontro, e sabendo quem é Bob Geldof, não o achassem capaz de ir ali dizer o que disse. Como mensageiro foi muito bem escolhido.

Adenda: Agora a voz do dono, o comentário do Jornal de Angola.

o que não é natural são as fronteiras

(a propósito deste post)

Ainda só ouvi uma pessoa pôr o dedo na ferida e apontar o verdadeiro problema. Foi o Dalai Lama, que quando lhe pediram opinião sobre o assunto, referiu a explosão demográfica incontrolável no mundo - especialmente no terceiro mundo - como o maior problema que a Humanidade enfrenta. As espécies do planeta, enquanto umas se vão extinguindo, e outras lá se vão equilibrando, a espécie humana continua a crescer desmesurada, e é natural que quem tem fome procure comida.

velas do Índico

(... tem photoshop sim senhor, e depois?)

É um mito que tenham sido os portugueses a inventar a forma de se navegar contra o vento. Aqui no Índico, não sei como se chamam estas velas, iguaisinhas às nossas latinas, mas penso que já eram usadas nestes "dows" muito antes do Vasco da Gama ter passado por aqui. E é um enorme prazer, para quem gosta de vela, ver a quantidade de velas destas que todos os dias cruzam a baía para nos trazerem o peixinho bom ao fim da tarde.

adenda: Estes pescadores são belíssimos velejadores e uma vez por ano fazem uma grande regata, a última das quais eu perdi porque tinha ido ver os bichos ao Kruger, estúpido!

Domingo na Catembe

esta simpática família de pescadores da Catembe, que já conheço desde o ano passado, ontem convidou-me para comer uns camarõesitos ali mesmo junto à baía, e eu, coitado de mim, não tive forma de recusar.

A imagem do porto e da baixa de Maputo, feita no regresso de ferryboat, talvez ainda venha um dia a ocupar ali o corredor da entrada.

(clic para ver engrandecida)

o segredo do ouro português

"Arregimentados e tratados como gado, finalmente humilhados na vistoria médica antes de embarcarem no comboio da estação fronteiriça de Ressano Garcia, centenas de milhares de homens moçambicanos rumavam às minas do Transvaal e do Rand.

Desde finais do século XIX que os governos da África do Sul e de Portugal mantinham um acordo de fornecimento de mão-de-obra africana para as minas de ouro e diamantes no Transvaal e no Rand. Sucessivamente ratificado durante toda a presença colonial em Moçambique, o acordo previa, como contrapartida para Portugal, o pagamento em barras de ouro. Todos os anos um comboio sul-africano, fortemente escoltado, chegava à estação de caminho-de-ferro de Lourenço Marques com um carregamento de ouro que era, de imediato, embarcado para Lisboa. Só assim se explica que em 1974, no fim do império colonial, Portugal possuísse, nos cofres do Banco de Portugal, a 16.ª maior reserva de ouro do mundo."

do fabuloso arquivo encontrado na Companhia de Moçambique.

no Limpopo

Ontem ao fim do dia, uma imagem do vale do Limpopo com muito mais importância do que pode parecer à primeira vista. O uso da tracção animal nestas paragens, tanto para a lavoura como para transporte, representa um enormíssimo progresso civilizacional, tão promissor e tão bonito quanto o sorriso destes miúdos.
(clic na imagem e veja só)

Pouco antes, na mesma jornada

a ponte de Magude sobre o rio Incomati onde o mesmo tabuleiro serve para o trânsito de comboios e de carros. Felizmente os carros são poucos e os comboios parece que ainda são menos.

... eu disse felizmente!?

Entretanto descobri no site dos CFM esta belíssima foto da inauguração da ponte de Magude em 1940
(clic para ler a história)

E que soubessem?

"A polícia chinesa encontrou milhares de bandeiras do Tibete nos armazéns de uma fábrica no Sul da China. Segundo o dono da empresa, a encomenda foi feita a partir do estrangeiro e os trabalhadores não sabiam que estavam a fabricar um símbolo proibido na China."

A gaja não canta nada!

"A little more bluff"

A Maria de Medeiros não se manca, toda a gente sabe, e à pala da fama que tem lá vai andando alegremente pelo mundo a enfiar o barrete a quem paga para a ouvir cantar. Há dias foi em Maputo, no espectáculo mais caro e badalado da semana da música, foi confrangedor vê-la e ouvi-la patética em cima do palco, enquanto no escuro da plateia muita gente ia abandonando a sala entre o triste e o envergonhado. Pena foi não haver nenhuma criança na sala que gritasse a rainha vai nua, salvo seja!

Aiwé campeão!

Os angolanos não param de me surpreender, são gente de fibra. Então não é que um muadié qualquer durante um espectáculo (ironicamente chamado Festival da Paz) subiu ao palco e em frente de todo o mundo "sacou" o colar do artista e basou?
(Também esse artista, não lhe avisaram para onde é que ia?)

Adenda: Este post é dedicado à minha amiga Sandra Roque, angolana que não se cansa de enaltecer o espírito empreendedor dos angolanos.