é a inveja. Sobretudo se sou eu o invejoso, porque se for o invejado, não é mau. Quer dizer, até pode ser bom. Inflaciona a alma e a autoestima, mas já não é inveja, é vaidade. Só há um problema em sermos invejados, é a cobiça dos outros poder pôr em perigo o nosso pecúlio. A vaidade é um pecado menor e não é dela que eu quero falar. Nem da ganância nem da cobiça. Eu queria era falar da inveja, e uma vez um padre confessou-me que os pecados não devem ser misturados. Eu tenho que os ouvir um por um, dizia ele, tim tim por tim tim. Tudinho. E porquê? Perguntarão vocês. E porquê o padre? Pergunto eu. Vamos por partes. Eu até acho que a gula, por exemplo, vai muito bem com a luxúria. Uma boa comezaina e uma boa gaja ligam lindamente, é tudo para comer, e comer tudo. Algumas há, que não sendo muito boas, com um grãozinho na asa ganham outra desenvoltura, outro elan, uma outra graça podem crer! Quanto a isso havia muito a dizer, mas fica para outra vez. Quanto à presença do padre... Talvez por ser um especialista em pecados, não sei, se calhar Deus quis atalhar caminho, mostrar serviço, adiantou-se e resolveu meter aqui um. Não é esse o Seu papel? Mas sobre a inveja, há ainda uma outra razão para que os padres não sejam para aqui chamados. Ninguém tem inveja deles, e muito menos dos seus pecados. Os pecados, para serem fruídos na sua plenitude, não devem ter contraditório. Empata, tira a pica, para isso já basta o Juízo Final, para quem acredita, claro. Mas aqui pergunto eu. Quem nunca teve juízo, terá juízo no final? Acham que a gente enfrenta o Criador e ele de braços abertos diz para nós: Aí! Benjamim, tu é que a levaste direita meu sacana, no final tu é que tiveste juízo, venham daí esses ossos?