segunda-feira, setembro 27, 2010

o pão e o circo


nisto de pão e de circo, pena é que os portugueses só sejam
os melhores do Mundo no circo.

sexta-feira, setembro 24, 2010

nas costas do maravilhoso povo


Moçambique
Fumos emitidos pela Mozal podem provocar "elevados problemas" de saúde

Maputo - Os moçambicanos residentes perto da multinacional Mozal, arredores de Maputo, fábrica que a partir de Novembro vai emitir fumos directamente para a atmosfera, poderão ter problemas neurológicos e cancerígenos, garante um estudo sul-africano.


Em Abril, a multinacional de alumínios maioritariamente detida pela australiana BHP Billiton e responsável por mais de 50 porcento das exportações nacionais, Mozal, solicitou ao Ministério da Coordenação da Acção Ambiental (MICOA) uma licença especial para emitir fumos directamente para a atmosfera ("bypass") durante seis meses.


O Governo autorizou a emissão de fumos mediante estudos que, segundo o MICOA, "envolveram peritos e estudantes da Universidade Eduardo Mondlane". Os estudos, no entanto, têm sido fortemente contestados pela coligação de organizações ambientalistas.


Em Julho, a Mozal realizou três encontros públicos com elementos do Governo, sociedade civil e jornalistas para explicar o processo, tendo o seu presidente, Michael Fraser, garantindo que o "bypass" (necessário para a reparação dos centros de tratamento de fumos) traria "dano zero" aos trabalhadores, comunidade e ambiente natural envolvente.



Na ocasião, também o consultor ambientalista da Mozal explicou à imprensa que as emissões teriam "um nível de concentração de poluentes muito abaixo do que a Organização Mundial da Saúde (OMS) impõe".


Porém, um estudo realizado pela organização não governamental GroundWork, em parceria com a moçambicana Justiça Ambiental (JA!), e apresentado publicamente hoje, em Maputo (durante um encontro promovido pela coligação de ambientalistas), diz que há "elevados problemas" na área circundante à Mozal.



A análise foi feita em Julho, em três zonas da Matola (no centro da Matola, nas zonas da Mozal e da fábrica Cimentos de Moçambique), a partir da medição da qualidade do ar no período da noite, durante cinco dias, ao longo de três semanas.


Nesse período de tempo, os investigadores verificaram concentrações médias diárias que variavam entre os 31,61 e os 110,61 microgramas de partículas finas por metro cúbico de ar, quando o limite diário estabelecido internacionalmente é de 25 microgramas por metro cúbico.


"A quantidade de poluição no ar é acima da média aceitável", sublinhou o epidemiologista ambiental e colaborador da GroundWork, Rico Euripidou, acrescentando que perante tais resultados "ficaria muito preocupado".


O responsável exemplificou que se "houver rastos de metais, como chumbo e mercúrio, ligados às partículas de ar (respiradas pelos habitantes), poderá haver problemas sérios de saúde", nomeadamente "neurológicos" e "cancro".


Segundo o epidemiologista, as poeiras encontradas nas amostras afectam particularmente "o desenvolvimento normal das crianças e as mulheres grávidas, sobretudo do feto, que pode sofrer danos para sempre".


Para Rico Euripidou, falta "igualdade" no processo, dada a inexistência de um fórum onde a sociedade civil partilhe experiências e preocupações com o Governo, como acontece na vizinha África do Sul, onde, em 2004, a BHP Billiton realizou um "bypass" de 72 horas, tendo alertado a população para os possíveis problemas respiratórios.



Apesar de ter sido realizado no âmbito de outro projecto, e não em particular para a Mozal, a JA! vai usar os dados, "os únicos que tem", e admite a hipótese de entregá-los ao MICOA.


Para darem o exemplo, sugiro que os responsáveis, moçambicanos e sul africanos, se instalem na Matola com as suas famílias durante os próximos seis meses

quinta-feira, setembro 23, 2010

O Luís, que faria hoje 50 anos

segunda-feira, setembro 20, 2010

pergunta para o guarda redes Roberto

sexta-feira, setembro 17, 2010

Uma prova de amor


(obrigado ao Mário)

quinta-feira, setembro 16, 2010

Não há pachorra!



Eu às vezes até gosto de a ler, mas ter que levar com os problemas da senhora, ao volante ou lá na vidinha dela, francamente, é para isso que lhe pagam? É para isto que se paga um dinheirão pelo Expresso?

domingo, setembro 12, 2010

não deixem de ver isto


e para quem estiver em Lisboa, passe por mim no Rossio,
e vá ver o espectáculo ao Casino. (dica de Rerum Natura)

sábado, setembro 11, 2010

Ilhas raras... e trágicas

esta é uma das muitas ilhas que de tempos a tempos surgem na baía de Maputo, perto da ilha da Inhaca, consequência de marés invulgarmente baixas.
nesta última maré, a mais baixa do ano, tive o privilégio de acompanhar um dos maiores conhecedores da zona, o "Zé Pescador".
Encontrámos Nudibrânquios, um molusco raro, e os peixe borboleta, muito bonitos e procurados para aquários de água salgada.
História trágica nestas águas aconteceu com um grupo de dezoito mulheres da Inhaca, há uns anos, que numa maré semelhante a esta foram aqui deixadas de barco para apanharem ameijoas. Pois a maré acabou por subir, umas horas depois, sem que o barco voltasse lá para recolhe-las. Acabaram todas por morrer afogadas e arrastadas pela corrente. Não sabiam nadar.

quinta-feira, setembro 09, 2010

Desacordos

quarta-feira, setembro 08, 2010

Este fumo que escurece o futuro


(a foto é minha, o texto é de Mia Couto, com a devida vénia)



“A pobreza sai muito caro. Ser pobre custa muito dinheiro. Os motins da semana passada comprovam este paradoxo. Jovens sem presente agrediram o seu próprio futuro. Os tumultos não tinham uma senha, uma organização, uma palavra de ordem. Apenas a desesperada esperança de poder reverter a decisão de aumento de preços”

Cercado por uma espécie de guerra, refém de um sentimento de impotência, escuto tiros a uma centena de metros. Fumo escuro

reforça o sentimento de cerco. Esse fumo não escurece apenas o horizonte imediato da minha janela, escurece o futuro. Estamos nos suicidando em fumo? Ironia triste: o pneu que foi feito para vencer a estrada está, em chamas, consumindo a estrada. Essa estrada é aquela que nos levaria a uma condição melhor.

E de novo, uma certa orfandade atinge-me. Eu, como todos os cidadãos de Maputo, necessitaríamos de uma palavra de orientação, de um esclarecimento sobre o que se passa e como devo actuar. Não há voz, não rosto de nenhuma autoridade..

Ligo rádio, ligo televisão. Estão passando novelas, música, de costas voltadas para a realidade. Alguém virá dizer-nos alguma coisa, diz um dos meus filhos. Ninguém, excepto uma cadeia de televisão, dá conta do que se está passando.

Esta luta desesperada é o corolário de uma vida de desespero. Sem sindicatos, sem partidos políticos, a violência usada nos motins vitimiza sobretudo quem já é pobre.

Grave será contentarmo-nos com condenações moralistas e explicações redutoras e simplificadoras. A intensidade e a extensão dos tumultos deve obrigar a um repensar de caminhos, sobretudo por parte de quem assume a direcção política do país. Na verdade, os motins não eram legais, mas eram legítimos. Para os que não estavam nas ruas, mesmo para os que condenavam a forma dos protestos, havia razão e fundamento para esta rebelião. Um grupo de trabalhadores que observava, junto comigo, os revoltosos, comentava: são os nossos soldados. E o resto, os excessos, seriam danos colaterais. Os que não tinham voz diziam agora o que outros pretendiam dizer. Os que mais estão privados de poder fizeram estremecer a cidade, experimentaram a vertigem do poder. Eles não estavam sugerindo alternativas, propostas de solução. Estavam mostrando indignação. Estavam pedindo essa solução a “quem de direito”..

Implícito estava que, apesar de tudo, os revoltosos olhavam como legítimas as autoridades de quem esperavam aquilo que chamavam “uma resposta”. Essa resposta não veio. Ou veio em absoluta negação daquilo que seria a expectativa.

Poderia ser outra essa ausência de resposta. Ou tudo o que havia para falar teria que ser dito antes, como sucede com esses casais

que querem, num último diálogo, recuperar tudo o que nunca falaram.

Um modo de ser pobre é não aprender. É não retirar lições dos acontecimentos. As presentes manifestações são já um resultado dessa incapacidade.

Para que, mais uma vez, não seja um desacontecimento, um não evento. Porque são muitos os “não eventos” da nossa história recente. Um deles é a chamada “guerra civil”. O próprio nome será, talvez, inadequado. Aceitemos, no entanto, a designação. Pois essa guerra cercou-nos no horizonte e no tempo. Será que hoje retiramos desse drama que durou 16 anos? Não creio. Entre

esquecimentos e distorções, o fenómeno da violência que nos paralisou durante década e meia não deixará ensinamentos que produzam outras possibilidades de futuro.

Vivemos de slogans e estereótipos. A figura emblemática dos “bandos armados” esfumou-se num aperto de mão entre compatriotas. Subsiste a ideia feita de que somos um povo ordeiro e pacífico. Como se a violência da chamada guerra civil tivesse sido feita por alienígenas. Algumas desatenções devem ser questionadas. No momento quente do esclarecimento, argumentar que os jovens da cidade devem olhar para os “maravilhosos” avanços nos distritos é deitar gasolina sobre o fogo. O discurso oficial insiste em adjectivar para apelar à auto-estima. Insistir que o nosso povo é “maravilhoso”, que o nosso país é “belo”. Mas todos os povos do mundo são “maravilhosos”, todos os países são “belos”. A luta contra a pobreza absoluta exige um discurso mais rico. Mais que discurso exige um pensamento mais próximo da realidade, mais atento à sensibilidade das pessoas, sobretudo dessas que suportam o peso real da pobreza.



Mia Couto

que mais irá me acontecer???

terça-feira, setembro 07, 2010

quinta-feira, setembro 02, 2010

"A revolta do maravilhoso povo"

quarta-feira, setembro 01, 2010

poesia e futebol

sobre os tais pinheiros altos (que em verde e oiro se agitam) já há muitos anos que o grande António Gedeão se tinha referido a eles