terça-feira, abril 27, 2004

NOOSFERA

O hemisfério esquerdo do nosso cérebro é dedicado
à lógica, é o cérebro dos números. O hemisfério direito
é dedicado à intuição, é o cérebro das formas.
Para uma mesma informação, cada hemisfério terá uma
percepção diferente podendo resultar em conclusões
absolutamente contrárias.
Parece que, somente à noite, o hemisfério direito, conselheiro
inconsciente, por intermédio dos sonhos, dá a sua “opinião”
ao hemisfério esquerdo, realizador consciente, à maneira de
um casal no qual a mulher, intuitiva, faz passar furtivamente
a sua opinião ao marido, materialista.

Segundo o sábio russo Vladimir Vernadsky (também inventor
da palavra “biosfera”) e o filósofo francês Teilhard de Chardin,
este cérebro direito intuitivo seria dotado ainda de um outro dom,
o de poder ligar-se àquilo que eles chamaram de “Noosfera”.
A Noosfera poderia ser representada como uma grande nuvem
envolvendo o planeta tal qual a atmosfera. Esta névoa esférica e
imaterial seria composta de todos os inconscientes humanos
“emitidos” pelos cérebros direitos. O conjunto constituiria de certa
forma uma espécie de espírito humano global.

É assim que nós acreditamos imaginar ou inventar coisas quando,
de facto, é simplesmente o nosso cérebro direito que vai procura-las
na Noosfera. E quando o nosso cérebro esquerdo ouve atentamente
o seu lado direito, a informação passa e desemboca sobre uma ideia
apta a concretizar-se em actos.
Segundo esta hipótese, um pintor, um músico, um inventor ou um
romancista não seriam mais que isto: receptores capazes de ir com
o seu cérebro direito vasculhar no inconsciente colectivo e depois
deixar os hemisférios esquerdo e direito comunicarem livremente
para que eles venham pôr em obra os conceitos que vagueiam
à disposição de todos.