sábado, fevereiro 19, 2005

A beleza e a simplicidade

das coisas geniais.
Por vezes esqueço-me que devo ser quase um dinossauro, e espanto-me de andar gente por aí que não conhece este poema de António Gedeão, o professor que eu gostava de ter tido (e acabei por ter!).
Foi cantado e gravado por Carlos Mendes.


Encontrei uma preta
que estava a chorar
pedi-lhe uma lágrima
para a analisar.

Recolhi a lágrima
com todo o cuidado
num tubo de ensaio
bem esterilizado.

Olhei-a de um lado,
do outro e de frente:
tinha um ar de gota
muito transparente.

Mandei vir os ácidos,
as bases e os sais,
as drogas usadas
em casos que tais.

Ensaiei a frio,
experimentei ao lume,
de todas as vezes
deu-me o que é costume:

nem sinais de negro,
nem vestígios de ódio.
Água (quase tudo)
e cloreto de sódio.

2 Comments:

Blogger Graza said...

Lindo. Como a simplicidade.

4:50 da tarde  
Blogger Lolita said...

Essa era para mim...;-)O capacete entrou!

6:06 da tarde  

Enviar um comentário

<< Home