Naquele tempo...
antes dos homens.
Quando acordaram já um rumor de morcegos substituia o canto dos pássaros entre os ramos das mangueiras. E foi então, ocultos no capim, que eles viram tudo: as Deusas suspiravam e gemiam enquanto os Deuses devassavam os seus corpos, procurando portas para entrar. «Espalhemos a notícia do prazer por esse mundo fora», murmurou, entusiasmado, o homem. «Tem calma, experimentemos nós primeiro», propôs a mulher. E mimaram, gesto a gesto, aquele amor divino.
Quando acordaram já um rumor de morcegos substituia o canto dos pássaros entre os ramos das mangueiras. E foi então, ocultos no capim, que eles viram tudo: as Deusas suspiravam e gemiam enquanto os Deuses devassavam os seus corpos, procurando portas para entrar. «Espalhemos a notícia do prazer por esse mundo fora», murmurou, entusiasmado, o homem. «Tem calma, experimentemos nós primeiro», propôs a mulher. E mimaram, gesto a gesto, aquele amor divino.
Foi depois disso que os Deuses, despojados deste seu último segredo, se tornaram translúcidos, imateriais, perderam o atributo da multiplicação e começaram a rarear. Diz-se mesmo (mas nós não acreditamos) que um único Deus, velho e estéril, reina agora sobre todas as tribos da vasta Terra.
Excerto de um poema de Paulo Ramalho
lido pelo próprio no Instituto Camões em São Tomé
Excerto de um poema de Paulo Ramalho
lido pelo próprio no Instituto Camões em São Tomé
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home