sexta-feira, dezembro 17, 2004

A merda da Televisão que tenho

aqui quase à minha frente, é uma velha televisão que só não é ainda a preto e branco e foi pró lixo por acaso. Bem que merecia, ela e eu. Pela merda da imagem que tem e sobretudo pelo som, que às vezes tem, outras não, o que faz dela um verdadeiro treino para a minha paciência. Quando estou a querer seguir um programa qualquer interessante, uma conversa, um debate desses que eles praí põem no ar de vez em quando, e aquela merda só dá som intermitente, fico chateado, com certeza que fico chateado! Às vezes ouve-se o principio de uma frase mas ela não chega ao fim, a não ser se conseguir ler pelos lábios. Outras vezes é o contrário. Num programa sobre jornalismo, ontem na 2, em que a figura central era o ex-Emídio Rangel, não ouvi tudo, como já se percebeu porquê, mas algumas coisas apanhei. A história dos sabonetes, por exemplo, que ele ajudou a fabricar – referiam-se a Sócrates e Santana Lopes, claro. Ele contrapôs que também teria ajudado fabricar Pacheco Pereira como personagem mediática de sucesso, e outros mais, igualmente com mérito. Que o público é que selecciona os sabonetes e tal, e que os maus acabam sempre no fim por ficar fora do mercado, à lá Hollywood, o costume. Bem, aqui não terá inteiramente razão, e a reeleição do Bush aí está para o contradizer. Mas de uma forma geral gostei de o ouvir, apesar de se ter esquecido de referir, ou não cabia no seu discurso sempre tão auto-elogioso, que grande parte do seu sucesso, ao ter ultrapassado a RTP num tão curto espaço de tempo, se deve muito à falta de comparência do adversário. Os quadros mais trabalhadores, com mais iniciativa e espírito de aventura piraram-se todos da RTP para a SIC. Quem ficou na estação pública foram os funcionários públicos, aqueles que nunca seriam capazes de dar um passo sem ser com todas as garantias, nem mexer uma palha fora do horário normal de trabalho. Sim, por que isto de ter um emprego certinho é muito confortável, sem riscos, sem ondas e até nem se trabalhava muito que quase toda a produção rendosa e trabalhosa era entregue a produtoras "de fora". Mas isso é outra história. O que interessa é que a RTP desfalcada de alguns dos seus melhores e mais motivados técnicos, e com aquele entusiasmo de empresa pública que se lhe reconhece, não era adversário para ninguém.
Mas acabei por não perceber se terão falado naquele famoso tiro no pé, dado pelo Batista Bastos (um sabonete que não pegou) a quando duma brilhantíssma reportagem Franco-Portuguesa, em que a autora deixou a SIC meio enconada ao analisar os seus métodos "agressivos" de conquista de mercado. Acho que pelo estrondo da altura deve ter sido mesmo uma bazoocada. Mas sucesso é sucesso e não foi preciso esperar muito para aparecer a popular TVI, candidata ao pódium também, e agora deu no que deu. É a vida!
E é por isso que eu agora só uso champô. Há dias descobri um que exala um aroma afrodisíaco que nem vos conto. As gajas adoram! E não vos conto, não é que eu seja garganeiro, mas é que neste outro mercado paralelo, ou horizontal se preferirem, a concorrência também é feroz. Se bem que com o advento desta onda gay que anda por aí, o mercado ganhou um novo èlan, o que é óptimo, por aí não me posso queixar.