O primeiro preso político
que eu conheci, era um Angolano branco que tinha sido preso na sequência da insurreição armada de 61 em Angola, então chamado de terrorismo pelas autoridades Portuguesas da época. Conheci-o, regressado do Tarrafal em meados de 74, andava ele fascinado a revisitar a sua terra de onde tinha estado afastado cerca de treze anos. Era um homem culto e tinha entretanto arranjado emprego como redactor num jornal da Capital. Cruzámo-nos numa estrada do interior, entre uma pensão e uma boleia de camião, cada um de nós nas suas deambulações profissionais.
Angola, entre 1961 e 1974, tinha dado um salto tão grande em desenvolvimento que estava praticamente irreconhecível para este nosso amigo. Fascinado, não só pela sua liberdade recente como por tudo o que via e que encontrava de novo, foi uma companhia que nunca mais esqueci. Viajámos algum tempo juntos, partilhando a mesma boleia, eu curioso por saber histórias da clandestinidade e das prisões, desconhecidas da maioria da população, ele curioso também com todas as novidades que encontrava à sua volta. Lembro-me de me dizer que quando foi preso só havia setenta quilómetros de estradas asfaltadas em todo o território. Quarenta entre Luanda e Catete, e mais trinta entre Lobito e Benguela. ( Isto num território 14 vezes e meia maior que Portugal e com metade da sua população)
- Agora, todas as cidades de todas as províncias estão unidas por óptimas estradas asfaltadas. Há aeroportos e ligações aéreas para quase todo o lado! Dizia ele. E eu perguntava, curioso pela experiência política tão diversa da minha que aquele homem parecia ter.
- E o que é que acha que se deve fazer agora que isto vai ser um País independente e que vão ser os Angolanos a decidir sozinhos o seu futuro?
- Não mexam em nada, não estraguem nada, o progresso deve continuar a avançar, e ser um benefício para todos. Para isso é só preciso introduzir JUSTIÇA SOCIAL, mais nada. A vida encarrega-se do resto.
"Não mexam em nada!"
Hoje, tantos anos depois, percebe-se que foi no sentido oposto que se caminhou. Não só se destruiu tudo como Justiça social, foi coisa que nunca houve nem há. Tornaram-se alguns oprimidos opressores, deixando os mais oprimidos ainda pior.
Só há a concluir que...
Angola, entre 1961 e 1974, tinha dado um salto tão grande em desenvolvimento que estava praticamente irreconhecível para este nosso amigo. Fascinado, não só pela sua liberdade recente como por tudo o que via e que encontrava de novo, foi uma companhia que nunca mais esqueci. Viajámos algum tempo juntos, partilhando a mesma boleia, eu curioso por saber histórias da clandestinidade e das prisões, desconhecidas da maioria da população, ele curioso também com todas as novidades que encontrava à sua volta. Lembro-me de me dizer que quando foi preso só havia setenta quilómetros de estradas asfaltadas em todo o território. Quarenta entre Luanda e Catete, e mais trinta entre Lobito e Benguela. ( Isto num território 14 vezes e meia maior que Portugal e com metade da sua população)
- Agora, todas as cidades de todas as províncias estão unidas por óptimas estradas asfaltadas. Há aeroportos e ligações aéreas para quase todo o lado! Dizia ele. E eu perguntava, curioso pela experiência política tão diversa da minha que aquele homem parecia ter.
- E o que é que acha que se deve fazer agora que isto vai ser um País independente e que vão ser os Angolanos a decidir sozinhos o seu futuro?
- Não mexam em nada, não estraguem nada, o progresso deve continuar a avançar, e ser um benefício para todos. Para isso é só preciso introduzir JUSTIÇA SOCIAL, mais nada. A vida encarrega-se do resto.
"Não mexam em nada!"
Hoje, tantos anos depois, percebe-se que foi no sentido oposto que se caminhou. Não só se destruiu tudo como Justiça social, foi coisa que nunca houve nem há. Tornaram-se alguns oprimidos opressores, deixando os mais oprimidos ainda pior.
Só há a concluir que...
1 Comments:
"4.9.04
Em nome da "justiça social"
Chega a ser exasperante a quantidade de vezes que a "justiça social" é invocada no discurso político. É certo que nem sempre o conceito é invocado com o mesmo significado e que nem sempre as implicações daí resultantes são igualmente destrutivas para a sociedade e para a liberdade individual, mas não deixa de ser um padrão cansativo e, em certo sentido, desanimador."
In blasfémias
O que é isso de justiça social????O que é isso de justiça???? Que conceitos são esses???? Foda-se, tou mesmo a dar o badagaio...!
Mas é bom ver que estás de volta.
Sim, Bloguemos.
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