sábado, maio 08, 2004

O CAPUCHINHO VERMELHO

O Capuchinho Vermelho morava com a Avó em Benfica.
Todas as sextas-feiras a Avó preparava uma cestinha com
fruta e guloseimas que Capuchinho levava carinhosamente
à Mãe, em Tires.
Todas as sextas-feiras a Avó lhe dizia as mesmas coisas:
- Cuidado com o trânsito, tem atenção aos comboios, olha
os horários, e sobretudo não converses com estranhos. Sai
da estação direitinha. Ouviste, Capuchinho?
Todas as semanas igual. Todas as semanas as mesmas
guloseimas e as mesmas recomendações. Tem cuidado e
não te esqueças. Dá um beijinho à tua Mãe!

Com o nariz colado ao vidro da janela, Capuchinho olha a
paisagem que corre desfocada. Tudo tão triste, tudo sempre tão igual.
Com o dedinho sobre o vidro embaciado, vai desenhando
malmequeres e margaridas sobre o fundo verde de um pinhal.
Árvores que correm noutra direcção, sombras, luz, e de repente
aquela flor tão linda e solitária lá atrás. Imagem tão fugaz, que
flor será? Óh...já não se vê, ficou para trás
O comboio abranda, vai parar. Não é aqui ainda... mas que importa?
Não resiste, a porta abre e ela sai em louca correria pelo campo.
Poisou a cesta e corre agora entre os pinheiros, naquela ânsia
louca de encontrar aquela flor.
Corre e procura e bate-lhe o coração mais depressa. O que será
aquela sombra que a persegue e que pressente, ora aqui, ora acolá?
E eis que surge de repente. Ele ali está, à sua frente. O Lobo Mau!
Ela parada. Ele a sorrir. E traz na mão a tal flor que ela procura,
e que lhe dá, e que ela aceita fascinada.
E dão-se as mãos, toca uma valsa, e os dois bailam felizes, por entre
os malmequeres e as margaridas no pinhal.