sábado, abril 17, 2004

post com dedicatória

É ASSIM...

este post é dedicado aquela menina ali sentada, na esperança que me conceda o prazer da próxima dança.
O nome dela é Ana,isso já sei...
..."she love books, good paintings and Jazz" cantava há
alguns anos Nat King Cole, embalando a minha adolescência
e contribuindo para alimentar a minha costela romântica.
Agora gosta de fotografia, do Salgado e das exposições do
W.Press Photo. De sol e da internet. De blogs e do Barnabé.
Crescemos mas somos os mesmos.
Em relação ao Salgado acho que é um belíssimo fotógrafo.
Li num blog brasileiro, acho que a frase é do Millor Fernandes, que "a pobreza vista de um certo angulo
vende muito bem". Quanto ao world press photo, vi um dos
primeiros, há cinco ou seis anos no CCB, e vim de lá doente.
Já estive em duas guerras, numa participei num dos lados,
e na outra fui repórter, num dos lados também. Nas guerras ninguém pode ser neutro. Já há trinta anos se dizia
que era preciso denunciar, que o papel do jornalista, blá blá blá, pois desde aí, se houve denúncias, caíram todas em
saco roto. Tudo se agravou,e o respeito pelas pessoas
depende do lado em que elas estão.
Enchi o saco quando tive que ir filmar um fuzilamento e me
recusei. Houve quem fosse capaz e o fazer no meu lugar.
Esse meu colega, sobre quem não faço qualquer juízo, teve uma carreira de sucesso, e segundo ouvi dizer, está rico.
Melhor para ele.
Há luz dos tempos que correm deve ter sido um erro de casting.
Sobrevivi a um fuzilamento sumário, contra uma parede,
por uns tipos que era suposto eu estar a apoiar. Depois
de ter mostrado as minhas credenciais e de vê-las tentar ser lidas com a folha de pernas para o ar... "o camarada não
sabe ler?" - Não, não sei ler, mas a culpa não é minha!
Não sei se não terei morrido alí e nascido outro no meu lugar. Era noite e tinha os meus filhos pequenos à minha espera em casa...
Sempre me considerei ateu. Não sei porquê. Na minha infância em casa era assunto de que não se falava. O primeiro padre que conheci foi no primeiro ano do liceu, o
prof. de religião e moral. Mesmo aquelas discussões parvas,
próprias da adolescência, sobre a existência de Deus,acho
que nunca me motivaram muito.
E essa coisa dos signos também não me diz nada, e então
desde que soube que eu e o eng. Belmiro de Azevedo
nascemos no mesmo dia...